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Desenvolvimento embrionário e fetal

Entre a fecundação e o nascimento de uma criança decorrem cerca de 40 semanas.

Consideram-se duas etapas no desenvolvimento da criança até nascer: o desenvolvimento do embrião e o desenvolvimento do feto. O desenvolvimento embrionário dura cerca de oito semanas e o desenvolvimento fetal decorre desde a oitava semana até o nascimento. O desenvolvimento do embrião humano começa com a formação do zigoto ou ovo (célula que resulta da união do ovócito e do espermatozoide), que depois de passar por muitas divisões celulares, as clivagens, vai-se fixar nas paredes do útero (nidação). De seguida, formam-se novas estruturas (como por exemplo, a placenta e o cordão umbilical) e começa a gestação do feto até ao seu nascimento.

O esquema ao lado resume as 40 semanas de gestação.

Fases do desenvolvimento embrionário e fetal

 

1º mês:

  • O desenvolvimento embrionário tem início com a fecundação, ou seja, o processo através do qual o gâmeta masculino, o espermatozoide, e o gâmeta feminino, o ovócito, se unem, formando um zigoto (ovo). É neste momento que existe a união dos núcleos e do conteúdo genético. Assim, as características do novo indivíduo são determinadas pelos cromossomas herdados dos pais.

  • Na segunda semana, depois da nidação, são libertadas hormonas para que a cavidade uterina se vá especializando.

  • O desenvolvimento embrionário é acompanhado pela formação de anexos embrionários. A partir destes serão formados todos os orgãos do embrião, num processo chamado de organogénese.

  • O anexo embrionário mais externo, chamado de ectoderme, é o que formará o sistema nervoso e os orgãos dos sentidos. Os primeiros orgãos que se formam são o encéfalo, a medula espinal e a coluna vertebral (isto ocorre na terceira semana de gestação, quando a mulher ainda nem sabe se está grávida e há apenas suspeitas devido à falta de menstruação).

  • De seguida, o zigoto passa por muitas divisões celulares (mitoses), originando muitas células que formarão o embrião. A divisão do zigoto (clivagem) origina inicialmente duas células chamadas blastómeros. Em seguida, esses dividem-se novamente, formando quatro células, depois oito e continuam até formar bastantes células, que se assemelham com o aspeto de uma amora e que por esta mesma razão, esta fase se chama de mórula.

  • As mitoses continuam e o embrião chega a uma fase em que este se designa por blastocisto (2-6 dias de idade). É nesta fase que o blastocisto se fixa nas paredes do útero, processo chamado nidação. Se a nidação for bem sucedida iniciará-se a gestação do embrião. Se não for bem sucedida, o blastocisto será eliminado na menstruação.

  • A camada externa é constituída por uma massa de células, cujo crescimento e penetração no endométrio provoca a erosão dos vasos sanguíneos presentes no endométrio, levando à formação de lagos de sangue na espessura do mesmo, que pouco depois irão desempenhar um papel essencial na circulação placentária.

  • Entretanto, desenvolve-se a cavidade amniótica. Esta cavidade vai aumentando gradualmente de tamanho, ficando revestida por uma camada que formará o âmnio, ou saco amniótico, um elemento normalmente conhecido como "bolsa das águas''. Esta contém um líquido chamado líquido amniótico e é este que ajuda a proteger o embrião contra choques mecânicos e dessecação.

  • A camada intermediária, mesoderme, origina a derme, os ossos e as cartilagens, os músculos e os sistemas circulatório, excretor e reprodutor.

  • A camada mais interna, a endoderme dá origem aos orgãos do sistema digestivo, fígado, pâncreas, tubo digestivo e aos pulmões.

  • No fim do primeiro mês, embora o embrião apenas meça 5 mm e o seu peso nem sequer alcance 1 g, este já apresenta uma forma comprida. Dado que é nesta fase que tanto o sistema nervoso como o aparelho circulatório se começam a formar, o coração começa, igualmente, a bater, mesmo que de forma descompassada.

2º Mês:

  • Por esta altura, surgem os primeiros sintomas associados à gravidez.

  • Ao longo deste mês, começam a surgir os esboços de todos os restantes órgãos e o crescimento do embrião intensifica-se. De facto, durante a quinta semana, o seu crescimento duplica, a sua cabeça é muito grande em relação ao corpo.

  • A partir das 4-5 semanas, se for realizada uma ecografia, já é possível observar um pequeno saco gestacional dentro do útero e por volta das 5-6 semanas já é possível observar os batimentos cardíacos do embrião. Curiosidade: A frequência cardíaca do embrião ronda os 150 batimentos por minuto, sendo mais elevada que a do adulto.

  • Nesta fase, já é possível distinguir os orifícios da boca e do nariz na cabeça, assim como os botões dos ouvidos e dos olhos. Nos lados do tronco vão crescendo os membros e desenvolvendo-se as mãos e os pés, com todos os seus dedos, começando igualmente a formar-se os órgãos do aparelho digestivo, o fígado, o pâncreas, os rins, etc... Assim, na 8ª semana, já estão formados todos os orgãos e o bebé tem o tamanho aproximado de um feijão vermelho.

3º Mês:

  • É a partir da 9ª semana que se inicia o período fetal.

  • O período fetal, em que já estão formados os princípais sistemas de orgãos, caracteriza-se pelo rápido crescimento do corpo e pela maturação destes sistemas.

  • Às 10 semanas, o embrião tem uma forma cada vez mais humana, com cabeça, tronco e membros.

  • A cabeça, proporcionalmente muito maior do que o resto do corpo, vai progressivamente endireitando-se e o rosto acabando de se constituir: os olhos, anteriormente situados nos lados, passam a estar à frente, embora muito separados. Os lábios vão ganhando a sua forma, enquanto que as orelhas, ainda não totalmente moldadas, ocupam uma posição mais baixa. Como os membros ficam mais compridos, sobretudo os superiores, começa a ser possível distinguir os dedos das mãos e dos pés.

  • O fígado encontra-se muito desenvolvido, o tubo digestivo começa a funcionar e os rins trabalham em perfeitas condições, pois o feto ingere líquido amniótico, que é absorvido nos intestinos, acabando por verter urina no meio que o rodeia. Embora os órgãos genitais já se encontrem diferenciados, não se consegue distinguir o sexo através da ecografia.

  • Apesar de a mãe ainda o não conseguir detectar, o feto começa a movimentar-se.

  • Às 12 semanas, o embrião passa a chamar-se feto e este tem o tamanho aproximado de uma lima.

4º Mês:

  • O crescimento do feto ao longo deste mês é muito significativo. Embora a cabeça continue a ser grande, não é tão desproporcionada em relação ao resto do corpo, sendo possível observar progressivas alterações no rosto, ou seja, as orelhas adquirem a sua localização definitiva, os olhos, embora já sejam grandes, tal como a boca, continuam a estar muito separados, enquanto que o queixo é muito pequeno.

  • Dado que os genitais já estão diferenciados, pode-se saber o sexo do feto através da realização de uma ecografia.

  • O coração já bate com tanta força que se pode detetar a sua atividade através de um aparelho eletrónico.

  • Os membros encontram-se igualmente desenvolvidos e as mãos já estão tão formadas que as impressões digitais já se encontram definidas.

  • O fortalecimento dos músculos faz com que os movimentos do feto comecem a ser ativos, sendo perceptíveis para a mãe. Na pele vai surgindo um fino pêlo de cor escura, denominado lanugem, que se vai progressivamente estendendo a todo o corpo.

  • O sistema nervoso está em desenvolvimento e o aparelho urinário está formado e começa a produzir urina.

  • Aparecem unhas nas pontas dos dedos.

  • Por fim, na semana 16, o bebé tem o tamanho aproximado de uma pêra abacate.

5º Mês:

  • O quinto mês é a etapa de amadurecimento do funcionamento dos órgãos.

  • O coração bate com tanta força que pode ser facilmente auscultado com um estetoscópio obstétrico.

  • Os olhos ainda permanecem proeminentes e as pálpebras continuam fechadas.

  • Os movimentos do feto são tão nítidos que são perceptíveis períodos de sono intercalados com outros de plena atividade, em que agita as pernas e os braços, sobretudo quando a mãe está deitada, existindo momentos em que chupa o polegar.

  • A lanugem começa, em algumas zonas do corpo, a ser substituída por cabelo verdadeiro, enquanto que as sobrancelhas e o cabelo vão crescendo.

  • Assim, na semana 20, bebé tem o tamanho aproximado de uma banana.

6º Mês:

  • O feto continua a movimentar-se bastante, mesmo que o faça de forma desordenada, ocorrendo também períodos de sono e de vigília. Para além disso, começa a reagir perante os ruídos externos, chupa frequentemente o polegar e, por vezes, tem soluços.

  • A cabeça deixa de ser tão desproporcionada em relação ao corpo, o pescoço torna-se mais evidente e a cara fica mais fina. O nariz fica maior e as orelhas aumentam de tamanho.

  • Embora todos os órgãos já estejam completamente formados, alguns ainda não amadureceram o suficiente para que o feto tenha uma vida independente, sobretudo os pulmões, que muito provavelmente seriam destruídos se o parto ocorresse nesta altura e o bebé fosse exposto ao ar livre.

  • A partir das 24 semanas o feto tem capacidade de sobreviver fora do útero materno com ajuda da tecnologia e nesta semana o bebé tem o tamanho aproximado de uma maçaroca de milho.

7º Mês:

  • Embora o crescimento, ao longo deste mês, seja mais lento, o sistema nervoso amadurece significativamente, na medida em que o feto movimenta as mãos com suavidade e precisão, abre e fecha os olhos, reage a estímulos externos, como uma luz intensa ou sons, com um aumento da sua frequência cardíaca. Mesmo que os movimentos sejam ativos, o feto movimenta-se menos porque já ocupa praticamente todo o espaço disponível no interior do útero que o acolhe.

  • Nesta fase, o feto costuma girar e colocar-se com a cabeça para baixo, apontando para a pélvis materna, como se estivesse a preparar-se para nascer.

  • De facto, a partir do sétimo mês, o organismo do feto já está praticamente preparado para enfrentar o mundo exterior, embora os pulmões ainda não estejam maduros, a pele ainda esteja tão fina que não lhe proporciona uma boa camada isoladora e o sistema termorregulador não funcione perfeitamente. No entanto, caso nascesse prematuramente, o feto teria elevadas probabilidades de sobreviver, sobretudo com a devida ajuda técnica.

  • Assim, na semana 28, o bebé tem o tamanho aproximado de uma beringela grande.

8º Mês:

  • É ao longo deste mês que o amadurecimento dos pulmões chega ao fim. Para além disso, a camada de gordura subcutânea aumenta, isolando-o do exterior, e a pele fica mais lisa e suave.

  • Os ossos estão completamente desenvolvidos e reage a estímulos sonoros, à dor, sabores e cheiros.

  • Ao longo deste mês, o feto prepara-se para nascer, colocando a cabeça para baixo e as nádegas para cima. Assim, na semana 32, o bebé tem o tamanho aproximado de uma meloa.

9º mês:

  • O organismo do feto já está preparado para o nascimento.

  • Ao longo das últimas semanas, o desenvolvimento dos ossos é acelerado, a pele torna-se mais espessa e a lanugem tem tendência para desaparecer.

  • A cabeça está muito mais proporcional, pois mede 1/4 do comprimento total do corpo, as orelhas estão separadas do crânio, o nariz bem formado e os olhos adoptam uma cor azul acinzentada.

  • Os genitais externos adquirem as características definitivas consoante o sexo, já que nos rapazes os testículos descem do abdómen e situam-se no interior do escroto, enquanto que nas raparigas a vulva ganha forma, encontrando-se praticamente revestida pelos grandes lábios.

  • Os reflexos estão muito apurados, sobretudo os de sucção, algo que será indispensável para mamar corretamente.

  • No fim do último mês, o feto mede, em média, cerca de 50 cm e pesa entre 3 a 3,5 kg.

  • Por fim, a sua cabeça encaixa-se na pélvis materna, de modo a preparar-se para o nascimento e às 36 semanas o seu tamanho é parecido ao de uma abóbora menina.

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