top of page

Como combater a infertilidade?

Sendo a infertilidade um problema relativamente frequente na nossa sociedade, ao longo dos anos, houve a necessidade de investir em pesquisas e desenvolver tratamentos que servissem de solução para casais que desejam ter filhos, mas que não conseguem conceber espontaneamente.

O tratamento da infertilidade é indicado após o tempo de espera adequado de tentativas de gravidez espontânea. Existem diferentes opções de tratamento para o casal infértil, dependendo das causas dessa infertilidade. Como a infertilidade pode ser causada devido a vários fatores, é natural que cada caso seja conduzido de uma determinada forma e que sejam oferecidos diferentes tipos de tratamento.

É imprescindível que o casal infértil procure auxílio médico para que possam, juntos, encontrar a solução que melhor se adapte aos seus interesses e às suas necessidades. A medicina, hoje em dia, possibilita que casais com dificuldade em conceber por diferentes motivos, assim o façam, mas só após diversas análises e diagnósticos realizados pelo médico especialista. O tratamento deve, ainda, ser feito com aconselhamento honesto, pois pode originar, não só muitas expectativas, como também frustrações. O casal deve ter também em mente que, mesmo com os tratamentos de reprodução de alta tecnologia, para as mulheres acima dos 35 anos, o índice de sucesso é menor.

Assim,a primeira coisa a fazer quando um casal começa a suspeitar de infertilidade é a avaliação clínica.

Avaliação clínica:

Na primeira consulta o casal será avaliado individualmente, ou seja, tanto o homem como a mulher serão investigados, assim como a dificuldade em engravidar e as suas causas. A infertilidade pode decorrer de um problema de apenas um, mas, muitas vezes, é uma associação de fatores em ambos. Portanto, é importante que o parceiro esteja presente na consulta para avaliação completa do problema. Após uma avaliação inicial da história ginecológica, dos ciclos menstruais da mulher e ultrassom transvaginal, será solicitado um perfil hormonal para avaliação da reserva ovariana e a histerossalpingografia. Quanto ao parceiro, os seus hábitos de vida serão avaliados: doenças prévias, histórico pessoal, perfil hormonal e espermograma para avaliar a qualidade do esperma.
Nesta primeira consulta ainda não é possível saber qual o melhor tratamento, nem as hipóteses de engravidar, isso apenas será possível na seguinte consulta, com os resultados dos exames. Após esta avaliação, o casal deverá voltar à consulta para ser discutido o melhor tratamento possível.

Após esta avaliação realizada por um médico especialista, procede-se, então, em caso de infertilidade, às técnicas de reprodução medicamente assistidas, das quais iremos apresentar algumas das principais:

  • Indução da ovulação

  • Fertilização in vitro (FIV)

  • Inseminação intrauterina ou artificial

  • Injeção intracitoplasmática de um espermatozoide (ICSI)

Indução da ovulação

Quando a infertilidade é causada por dificuldades de ovulação, muito comum nas situações de ovários poliquísticos, é possível administrar medicamentos que melhoram a capacidade de funcionamento dos ovários. O tratamento é efectuado com comprimidos ou com injeções subcutâneas de gonadotrofinas (hormonas responsáveis pelo desenvolvimento dos folículos nos ovários). A indução da ovulação é recomendada a casais jovens, que estão há pouco tempo a tentar engravidar, sendo também aconselhável a mulheres que têm ciclos menstruais irregulares. É fundamental confirmar que o espermograma é normal e que as trompas estejam desobstruídas.

Como a resposta dos ovários é muito variável, é indispensável efetuar um acompanhamento ecográfico para determinar a resposta dos ovários. Pode-se, assim, evitar uma gravidez múltipla e prever a data da ovulação. É nessa altura que o casal deverá ter relações sexuais.

Se a resposta dos ovários for adequada, a indução da ovulação pode continuar durante um período de 6 meses, após os quais se deve pensar noutras alternativas de tratamento.

As taxas de sucesso da indução da ovulação são relativamente baixas, mas como é um tratamento fácil e económico, pode efectuar-se durante algum tempo, por exemplo em casais jovens que não tenham outros problemas de infertilidade.

Fertilização in vitro (FIV)

Também conhecida por “bebé proveta”, a FIV é um procedimento no qual vários ovócitos são removidos por aspiração folicular, e são colocados juntamente com os espermatozoides do parceiro (ou doador) fora do corpo. Este método envolve controlo hormonal do processo ovulatório, onde cada ovócito é inserido num meio de cultura que contém cerca de 40000 espermatozoides capacitados, chamado tubo de teste ou placa de petri. A fecundação ocorre espontaneamente. O ovócito fertilizado e maduro é, então, transferido para o útero da mulher através da punção ovariana, onde o embrião se desenvolverá como numa gravidez normal. 

Este processo é indicado para casais que já tentaram outros métodos ou para aqueles que têm impossibilidade de obter uma gravidez por métodos naturais ou assistidos. Apresenta 60% a 70% de índíce de sucesso.

Inseminação intrauterina ou artificial

Este processo é utilizado em casos em que os espermatozoides não conseguem atingir as trompas. Consiste na transferência dos espermatozoides previamente recolhidos e tratados para a cavidade uterina, após a seleção dos espermatozoides mais normais e móveis, de modo a aumentar a probabilidade de um encontro bem sucedido entre as células reprodutoras masculina e feminina, isto é, aumentar a probabilidade de ocorrer fecundação. Na data adequada é desencadeada a ovulação e programada a introdução do esperma no interior do útero (IIU). A partir desse momento, todo o processo acontece naturalmente, como na reprodução sem recurso a técnicas médicas. 

Pode efetuar-se com esperma do casal ou, em caso de infertilidade masculina, com espermatozoides de um dador que foi submetido a diversos exames para averiguar a qualidade dos mesmos. Os espermatozoides podem ser crioconservados, permitindo organizar bancos de esperma nos hospitais e clínicas para posterior utilização.

Apresenta uma taxa de 60% de chance de gravidez, após três ciclos.

Injeção intracitoplasmática de um espermatozoide (ICSI)

A Microinjecção, ou ICSI, veio revolucionar o tratamento da infertilidade de causa masculina. A ICSI consiste na introdução de um espermatozóide em cada ovócito maturo para permitir a sua fecundação. A ICSI é usada em situações em que há alterações na qualidade ou da quantidade de espermatozóides (poucos espermatozóides; diminuição da mobilidade ou alterações da forma). A ICSI também se utiliza nos casais em que não ocorreu fecundação dos ovócitos em tratamentos de FIV anteriores. É uma técnica de precisão realizada a microscópio e o protocolo de tratamento é similar à FIV, no que diz respeito à estimulação dos ovários, à punção ovárica e posterior divisão embrionária. Mesmo em situações em que não há espermatozóides no ejaculado, através de uma punção testicular (TESA) é possível obter espermatozóides que podem ser usados na ICSI para fecundar os ovócitos.

Em situações clínicas que o necessitem, na ICSI, tal como para a FIV podem usar-se ovócitos ou espermatozóides de dadores saudáveis.

As taxas de sucesso da ICSI são de cerca de 35-45% por tentativa, dependendo muito da idade da mulher e da qualidade dos embriões transferidos. Com um conjunto de 3 ICSI, consegue-se uma taxa cumulativa de gravidez de cerca de 75-80%. A ICSI com utilização de ovócitos doados apresenta taxas de gravidez mais elevadas por se utilizarem ovócitos de mulheres mais jovens.

bottom of page